12/01/2011

O Garotinho Perdido.

A Primeira interrogação foi a de todos os dias:
-Joãozinho? Joãozinho está ai?
Mas, Joãozinho não estava.
Nem na casa ao lado, nem na outra e nem na outra.
Panelas foram esquecidas ao fogo,
Papai chegou, pensou em palmadas e não voltou para o trabalho.
A vizinhaça toda sai a rua,
o telefone começa a tocar para todos os lugares possíveis
e impossíveis de se encontrar o pequeno fugitivo.
A rua pacata torna-se um palco de medo e angústia.
Um sabor de tragédia pairando no ar.
Tudo porque um pedacinho de gente
de rosto sardento e short quadriculado
encontrara o portão aberto e resolvera conhecer o mundo.
Onde o teria levado a sua pequenina cabeça de cinco anos?
Talvez nessa hora nem se lembre que papai e mamãe
só sabem chorar e repetir:
-Onde estás filhinho? Onde estás filhinho?
Em meio o desespero, uma inspiração atravessa
a mente do pai aflito que quase sem fôlego
chega à delegacia e:
-Seu guarda por acaso...
Mas nem termina a frase.
No banco ao lado, com sinais de lágrimas no rostinho sujo
está o pequeno fugitivo.
Papai, nem pensa em palmadas quando se curva para tomá-lo nos braços. Apenas na alma, gosto de céu,
de tesouro encontrado.
A criancinha abre os olhos e murmura:
-Papai!
E aninha a cabecinha no ombro paterno
para dormir melhor.
E é assim no céu desde o principio, desde quando mundo se formou:
-Ondes estás meu filho?
O Pai procurando, Jesus com a Vida convidando:
-Volta fugitivo, o céu ainda é seu!
-Talvez esteja irreconhecível, filho ingrato que o mundo quis levar.
Mas, o Pai pelo nome conhece, perdoa tuas culpas,
todo mau esquece, pela alegria de te encontrar.
Como insistes na tola vaidade
preso à uma estrela de tão falso brilho?
Como podes fugir indiferente,
tendo um Pai que te chama docemente:
-Onde estás meu filho? Onde estás meu filho?



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